quinta-feira, fevereiro 07, 2008

DENÚNCIA: Mais de 6.000 residências, lojas e escritórios jogam esgoto no mar, em São José

Água escura, com forte mau cheiro, procedente do Kobrasol

Estudos preliminares indicam que mais de 6.000 residências, lojas comerciais e escritórios, estabelecidos na região de Campinas e Kobrasol, estão utilizando, criminosamente, a rede de águas pluviais, canais e rios, como escoamento para o esgoto, sem nenhum tratamento. Esse fato, confirmado pelo Superintendente do Meio Ambiente do município, engenheiro Sílvio César dos Santos Rosa, em reportagem exclusiva ao site www.radiocambirela.com.br e www.babyespindola.blogspot.com, explica porque a água que escorre da tubulação, dos canais, rios, como o Araújo, na divisa entre São José e Florianópolis, é tão escura e apresenta um mau cheiro tão intenso – insuportável, pode-se dizer.

O site Rádio Cambirela e o blog Baby Espíndola Repórter têm quase uma centena de fotos, tiradas no início de janeiro, no Balneário Guararema (Ponta de Baixo), no Centro Histórico, inclusive nos fundos do prédio da Câmara Municipal, em toda a orla da Praia Comprida e também na Beira-mar de São José, onde a situação é mais crítica.

Segundo revelação do Superintendente do Meio Ambiente, dos 15.000 pontos, residências, lojas, escritórios, cadastrados pela Casan, como usuários do sistema de água e esgoto tratados, somente 9.000 estão utilizando, devidamente, a rede de esgoto. Os demais, 6.000 pontos, o que corresponde a um número estimado entre 25.000 e 30.000 pessoas, enviam, através da rede pluvial, canais e rios, o esgoto sem tratamento para o mar.

Numa linguagem mais clara: estão urinando e defecando nas águas da Baía Sul, comprometendo, inclusive, a balneabilidade de algumas praias de Florianópolis, devido às correntes e aos ventos. A água das baías é uma só.

O mais inacreditável, é que esses 6.000 clientes cadastrados pela Casan, pagam pelo serviço de esgoto tratado e não o utilizam, por comodismo e, principalmente, por ignorância. Preferem deixar que as águas carreguem para a Baía Sul tudo aquilo que produzem de podre, talvez resultado direto de suas personalidades tacanhas. Embora tenham mais dinheiro e desfrutem de um padrão de vida melhor que a maioria dos josefenses, de outros bairros, nativos ou não, esses proprietários de imóveis de Campinas e Kobrasol, privilegiados pelo saneamento básico, agem como delinqüentes do meio ambiente, e até podem ser comparados aos ratos do esgoto. Agem sorrateiramente, jogando nas águas do mar, urina, fezes, sabão em pó, detergente e outros produtos químicos nocivos à vida marinha.

Sílvio Rosa assegura que a região mais densamente habitada de São José, que também é o centro comercial e administrativo do município, conta com cem por cento de rede de esgoto instalada, além de uma coleta de lixo eficiente. Porém, no primeiro dia imediatamente após a enchente, na sexta-feira, quando as águas baixaram, o que se constatou foi um desrespeito total pelo meio-ambiente. Praticamente todos os córregos e bocas de lobo estavam entupidos de lixo. O que demonstra que muitos moradores dessa região privilegiada pelo saneamento básico, ainda preferem descartar o lixo em terrenos baldios ou diretamente nos córregos.

INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O desrespeito com o mar começa no bairro Ponta de Baixo

Na tentativa de por um fim ao desrespeito como meio ambiente, o Ministério Público da Comarca de São José está procedendo uma investigação, ao final da qual vai oferecer um prazo de 180 dias, para que os moradores e comerciantes liguem o esgoto de seus imóveis à rede coletora. Ao final do prazo, aqueles que não cumprirem essas determinações, serão processados por crime ambiental e punidos com multa.

Para chegar aos infratores, o MP vai usar o sistema de cadastro da Casan, que indica que, em Campinas e Kobrasol, são 15.000 os cadastrados como usuários de água, mas somente 9.000 solicitaram, até fevereiro de 2008, a ligação na rede de esgoto. É a partir desses dados, com nomes e endereços dos infratores, que o Ministério Público vai adotar medidas para coibir os abusos.

Sílvio Rosa reclama dos proprietários de imóveis, que estão “causando danos irreversíveis ao meio ambiente, por comodismo, porque não querem quebrar uma calçada”. Não quebram o piso impecável, por isso emporcalham o mar. O titular da Superintendência do Meio Ambiente fica alarmado, ao admitir que “são justamente pessoas de melhor nível cultural e poder aquisitivo”.

Há que se considerar que, o fato de ter patrimônio, uma conta bancária gorda e até um diploma pendurado na parede da sala, isso não faz do cidadão um homem ético. Jogar esgoto no mar, é falta de ética. É crime.

– Quem não cumprir as determinações do Ministério Público, será enquadrado como autor de crime ambiental, adverte o Superintendente do Meio Ambiente. Os munícipes devem se adiantar, e pedir a ligação da sua propriedade na rede de esgoto, porque, independentemente de usar ou não o esgoto, todos estão pagando.

INVESTIMENTOS DO PAC

Recentemente – lembra Sílvio Rosa –, o prefeito Fernando Elias, de São José, Santa Catarina, assinou um convênio, com o Governo Federal, dentro do PAC, que vai possibilitar investimentos em saneamento, esgoto tratado, na região da Ponta de Baixo, Centro Histórico e Praia Comprida.

O site Rádio Cambirela e o blog Baby Espíndola vão acompanhar essa investigação, iniciada pelo Ministério Público, e exigir a punição de todos aqueles que insistirem em desrespeitar a lei.

As imagens da degradação ambiental

A degradação ambiental é visível, no Balneário Ponta de Baixo

No início da Beira Mar, outro flagrante do desrepeito

A espuma dos produtos químicos escorre dia e noite para o mar




Nos fundos do prédio da Câmara de Vereadores, no Centro Histórico de São José, um cano de um metro, destinado à água da chuva, joga esgoto no mar...










Essa situação está a exigir uma posição mais rigorosa das autoridades: Ministério Público, Poder Executivo, Poder Legislativo, Casan e Fatma. Todos têm sua parcela de culpa.




Rio Araújo, na divisa entre São José e Florianópolis, a maior vítima do esgoto clandestino do Kobrasol e Campinas. Lixo na Beira Mar, recentemente reconstituída, artificialmente. Sacos de lixo sob a passarela de pedestres, também na Beira Mar.





Texto e fotos: Baby Espíndola










Presidente da Câmara preocupado com a poluição

Recentemente, o presidente da Câmara de São José, vereador Édio Vieira, manifestou sua preocupação com a degradação ambiental, abordando, como tema inicial de um tema que está a exigir um profundo debate, o Rio Araújo:

O rio Araújo não pede mais socorro!

Quem conhece o Bairro de Campinas, conhece o rio Araújo. Podem não acreditar, mas eu já pesquei com meus amigos muitos carás, traíras, cascudos e jundiás ali na ponte da rua Josué Dibernardi. Pois bem, hoje o rio Araújo está morto. Infelizmente, as comunidades e o poder constituído (Prefeitura Municipal), são os principais responsáveis pela morte deste rio que virou uma vala de esgoto. A foto acima foi tirada depois de uma chuva forte, dessas de verão. A cor "preta" da água diz tudo... (clique nela para ver maior). E não me venham dizer que a culpa é só dos governos (Prefeitos). É também deles, de nós vereadores e de todos aqueles de uma forma ou de outra contribuem para que os dejetos sejam despejados ali. Por isso a manchete acima: O rio Araújo não pede mais socorro, porque já morreu!!!

Qual a solução?

Se iniciarmos na nascente do rio Araújo, um trabalho de despoluição com a participação do poder público, estabelecendo como meta uma extensão de 100 a 200 metros, em pouco mais de 10 anos o rio estará totalmente despoluído. Poderemos ressuscitar o rio em menos tempo do que levamos para matá-lo!
Já imaginaram como chamaria a atenção da região, se São José desse este exemplo? Eu acredito que tem solução.

Por falar em despoluição...

Para onde vai o esgoto de sua casa? Tem fossa e sumidouro, ou vai tudo para a tubulação pluvial?

Blog do Édio: www.ediovereador.blogspot.com