domingo, março 02, 2008

AUTORIDADES APERTAM O CERCO AOS POLUIDORES DE RIOS E DO MAR, NA CIDADE DE SÃO JOSÉ

Água escura, com intenso mau cheiro, procedente do esgoto clandestino do Kobrasol, que aparece, ao fundo, na foto


Um problema antigo, que data de vários anos, está para ser resolvido – acredita-se –, em São José. E a punição, para os proprietários de 6.000 imóveis, do Kobrasol e Campinas, que jogam o esgoto sem tratamento na rede pluvial e em rios e canais, pode ser a solução. O mais inacreditável, é que esses milhares de consumidores, cadastrados pela Casan, pagam pelo serviço de esgoto tratado e não o utilizam, por comodismo e, principalmente, por ignorância.

Após a denúncia feita pelo site www.radiocambirela.com.br e, principalmente, pelo blog www.babyespindola.blogspot.com, matéria que também repercutiu em jornais de circulação estadual e regional, as autoridades passaram a adotar providências. Tanto fiscalizando, quanto punindo, multando.

Logo após a denúncia – a matéria foi postada no blog, em 7 de fevereiro, a Ceasa, considerada a grande poluidora do Rio Araújo, foi multada por falta de tratamento de esgoto. Segundo as autoridades, a Central de Abastecimento e o Hospital Regional, são os maiores poluidores.

Mais de 6.000 residências, lojas comerciais e escritórios, estabelecidos na região de Campinas e Kobrasol, estão utilizando, criminosamente, a rede de águas pluviais, canais e rios, como escoamento para o esgoto, sem nenhum tratamento. Esse fato, confirmado pelo Superintendente do Meio Ambiente do município, engenheiro Sílvio César dos Santos Rosa, em reportagem exclusiva ao site e ao blog, explica porque a água de rios, como o Araújo, na divisa entre São José e Florianópolis, é tão escura e apresenta um mau cheiro tão intenso – insuportável, pode-se dizer.

A agressão ao meio ambiente começa no Balneário Guararema (Ponta de Baixo) e se estende à Beira Mar.


A degradação ambiental parece irreversível. Autoridades demoraram demais para detectar o problema.



Sílvio Rosa assegura que a região mais densamente habitada de São José, que também é o centro comercial e administrativo do município, conta com cem por cento de rede de esgoto instalada, além de uma coleta de lixo eficiente.

Porém, fotos, tiradas no mês de janeiro, no Balneário Guararema (Ponta de Baixo), no Centro Histórico, inclusive nos fundos do prédio da Câmara Municipal, em toda a orla da Praia Comprida e também na Beira-mar de São José, onde a situação é mais crítica, mostram que parte do esgoto é jogada diretamente no mar, sem nenhum tratamento.



Nos fundos do prédio da Câmara, o flagrante do desrespeito.













Segundo revelação do Superintendente do Meio Ambiente, dos 15.000 pontos, residências, lojas, escritórios, cadastrados pela Casan, como usuários do sistema de água e esgoto tratados, somente 9.000 estão utilizando, devidamente, a rede de esgoto. Os demais, 6.000 pontos, o que corresponde a um número estimado entre 25.000 e 30.000 pessoas, enviam, através da rede pluvial, canais e rios, o esgoto sem tratamento para o mar.

Numa linguagem mais clara: estão urinando e defecando nas águas da Baía Sul, comprometendo, inclusive, a balneabilidade de algumas praias de Florianópolis, devido às correntes e aos ventos. A água das baías é uma só. Se, na Baía Sul, onde há rede de esgoto (Kobrasol e Campinas), a situação pode ser considerada gravíssima, imagine na Baía Norte, onde os benefícios do tratamento de esgoto ainda não chegaram à população.

HOSPITAL REGIONAL E CEASA

Na opinião de Sílvio Rosa, superintendente da Fundação do Meio Ambiente de São José, “a Ceasa é um dos grandes poluidores do Rio Araújo, que passa ao lado do terreno da empresa”. Ele analisa o fato, do ponto de vista da matemática: “Se, cerca de 4.000 pessoas passam pelo local, podemos considerar que a Ceasa polui o rio no mesmo volume de uma cidade de 2.000 habitantes”. Isso porque, não há uma estação de tratamento nem um programa de tratamento dos resíduos sólidos dentro da unidade.
Contudo, o diretor-técnico da Ceasa, Jairo Henken, não aceita o rótulo de empresa poluidora. “Nosso projeto na área ambiental, tanto no resíduo sólido (lixo) quanto no líquido (esgoto sanitário), é resolver a nossa parte”, disse.

Ainda, segundo afirmação do superintendente Sílvio Rosa, o Hospital Regional de São José, seria outro grande estabelecimento causador de poluição de um canal e do mar, muito embora a casa de saúde tenha “estação de tratamento e incinerador. Mesmo assim, há indícios de que o sistema está saturado”. O gerente administrativo do Hospital Regional, Cleiton Galicioli, afirmou que o hospital possui um sistema de tratamento de esgoto, através da prestação de serviço de “uma empresa especializada”.

VEREADORES VISITAM CEASA

Na manhã de 21 de fevereiro, vereadores de São José – Édio Vieira, presidente, Agostinho Pauli, Clara Bernardes, João Rogério de Farias, Sandra Martins e Osni Meurer, visitaram a Ceasa. Na semana anterior, visitaram o Hospital Regional.

Aos vereadores, o presidente da Ceasa, Geraldo Pauli, confirmou que a Fundação Municipal do Meio Ambiente notificou e multou a instituição, por poluir os afluentes do Rio Araújo e depositar lixo no pátio interno. Uma injustiça, segundo ele. “Não estamos poluindo o Rio Araújo”, afirmou. A multa chegou a R$ 250 mil. O vereador Édio Vieira, que já foi diretor da Ceasa, colocou a Câmara à disposição, para intermediar negociações que possam ajudar na resolução dos problemas. (Com informações da Assessoria de Imprensa da Câmara).

INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PREVÊ PUNIÇÃO RIGOROSA PARA OS POLUIDORES

Rio Araújo, na divisa de São José com Florianópolis, a grande vítima da poluição. Segundo as autoridades, Ceasa poluí o canal

Na tentativa de por um fim ao desrespeito com o meio ambiente, o Ministério Público da Comarca de São José está procedendo uma investigação, ao final da qual vai oferecer um prazo de 180 dias, para que os moradores e comerciantes liguem o esgoto de seus imóveis à rede coletora. Ao final do prazo, aqueles que não cumprirem essas determinações, serão processados por crime ambiental e punidos com multa.

Para chegar aos infratores, o MP está utilizando o sistema de cadastro da Casan, que indica que, em Campinas e Kobrasol, são 15.000 os cadastrados como usuários de água, mas somente 9.000 solicitaram, até fevereiro de 2008, a ligação na rede de esgoto. É a partir desses dados, com nomes e endereços dos infratores, que o Ministério Público vai adotar medidas para coibir os abusos.


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BABY ESPÍNDOLA REPÓRTER
??? QUER SABER ???

O que fazer para acabar com a poluição, causada pelo esgoto clandestino, em São José? Como as autoridades devem agir?

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