sexta-feira, março 14, 2008

EDITORIAL: CLIMA DE TERROR NA EDUCAÇÃO

A coluna do jornalista Moacir Pereira (DC, sexta-feira, 14), traz uma denúncia grave, contra a “existência de um estado policialesco em regiões de Santa Catarina”, através do qual, o Governo do Estado tenta resolver problemas crônicos da Educação, com intimidação e constrangimento. O caso mais grave, segundo o jornalista, teria ocorrido em Brusque, “onde, dois policiais militares entraram na casa do professor Agenor Real, coordenador regional do sindicato (da categoria)”.

Durante 10 minutos, conta Moacir Pereira, “fizeram um interrogatório com a esposa Sandra, que, em estado de choque pela ausência do marido, que se encontrava em Florianópolis, apegou-se no consolo de duas filhas menores, uma de nove anos e outra de oito meses. Só queriam saber das ‘atividades políticas’ do marido”, denuncia o colunista, sobre aquilo que ele classifica como “A política da intimidação”.

Moacir reclama porque “Ao invés de buscarem uma saída para a greve com diálogo e negociação ou via uma disputa limpa na arena política, investiram contra líderes do Sinte. Objetivo evidente de tentar deslegitimar o movimento e maculá-lo perante a opinião pública. Não refutaram os grevistas; procuraram eliminá-los do jogo político”. Pereira qualifica essa surrada tática como “infeliz iniciativa de alguns governistas, que negam o passado glorioso dos líderes que lutaram corajosamente pelas liberdades públicas”.

O relatório do comando de greve dos professores traz informações graves, comprometedoras, para aqueles que ostentam a estrela da Democracia no peito. Cita, por exemplo que policiais militares estiveram, também, nas escolas de Criciúma, Blumenau, Jaraguá do Sul e Brusque. “Para quê?” – indaga Moacir Pereira. “Em Chapecó, segundo o mesmo documento sindical, a PM ocupou o Colégio Bom Pastor. Por quê? Em Balneário Camboriú, ‘policiais à paisana documentam a movimentação dos professores com uso de máquinas fotográficas’. Por que motivo?”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Policiais militares seguindo o movimento, fotografando professoras. Oh, como são perigosas, essas professoras! Coitadas, quantas cicatrizes elas carregam nos corpos, quantas marcas na alma, produzidas pelos atentados de alunos delinqüentes. Quantas mágoas, pela pobreza em que vivem!

Ao comando da PM, um recado: Orientem os PMs para seguirem bandidos! Isso é o que os catarinenses esperam da PM, que tem uma história merecedora de respeito e admiração.
Ronaldo Benedet, Secretário de Segurança e o comandante da Polícia Militar, coronel Eliésio Rodrigues, estiveram reunidos, para tratar do assunto. Se intoxicaram de cafezinho e nada decidiram. Engoliram importantes decisões. O constrangimento que PMs estão impondo aos professores é “voluntarismo", explicou Benedet. Significa dizer que alguns policiais resolveram agir por conta própria, talvez até em suas horas de folga, muito zelosos, para combater as perigosas ações dos professores. Se a moda pegar, o crime estará com os dias contados em Santa Catarina. PMs voluntariosos perseguindo bandidos, em dias de descanso. Toda vez que um homem público mente, em situações importantes, deveria ser atingido por um raio. Não exatamente um raio tipo descarga. Um raio de verdade.

Tais atitudes emprestam munição para a oposição. Assim agiu o deputado Joares Ponticelli, na AL: metralhou o governo, que foi qualificado como “autoritário, por não negociar com os professores e fazer ameaças contra uma classe laboriosa”, cita Moacir Pereira. Os ataques subiram as escadas do Centro Administrativo, no Itacorubi, e se alojaram na sala do governador LHS.

Quanto à gloriosa luta desses que hoje estão no poder, é verdade, um dia lutaram, sim, “corajosamente pelas liberdades públicas”. Mas, os fatos estão a indicar, tanto em Santa Catarina, quanto no Brasil, que aqueles que tomaram a bandeira da Democracia e choraram ao som do Hino Nacional, estão, agora, envolvidos em arbitrariedades, denúncias de corrupção, ou com mandato pendurado no guarda-volume da Justiça Eleitoral. Alardeiam direitos humanos para a bandidagem, dentro do princípio do Direito Humanitário, e perseguem trabalhadores honrados, como os professores.

Voltando ao tema central, que é a ação intimidadora de policiais militares... Quanta valentia e coragem, pode-se detectar nos atos dos policiais fardados que, em nome de um estado autoritário, invadiram a residência do professor Agenor Real e causaram constrangimento a sua esposa, Sandra. Quanta bravura, diante de duas crianças assustadas!

Esse fato deve ser apurado rigorosamente. E, se comprovado for, a sociedade catarinense exige punição em todos os níveis, desde os policiais autores da façanha, até superiores. Inclusive o comandante geral da PM deve ser responsabilizado. A investigação deve também auferir o nível de envolvimento do secretário Paulo Bauer, da Educação, nesse episódio de Brusque. Até que ponto ele tem conhecimento dessas gloriosas atitudes de PMs, que, em nome do estado policialesco, estão atemorizando professores, envolvidos com o movimento grevista, que é permitido por lei.

Tanto é assim, que o juiz Hélio do Valle Pereira não tomou conhecimento das argumentações do governador LHS, que reivindicava a ilegalidade da greve. O magistrado não concedeu a liminar, solicitada, na quarta-feira, 12, pelo Governo do Estado, para decretar a greve dos professores.

A greve é mais que legal. É justa. Pois, além dos salários miseráveis, os professores padecem pela falta de condições de trabalho, como escolas inadequadas, falta de material escolar, etc. Mas, principalmente, porque os profissionais da Educação se tornaram reféns de delinqüentes e bandidinhos uniformizados, a serviço do tráfico, nas salas de aula.

A situação é grave, do ponto de vista moral. Nas salas de aula, no deslocamento, no sagrado direito de ir e vir, ou mesmo em suas comunidades, professores e professoras são ofendidos, agredidos, espancados, por adolescentes que jamais poderiam freqüentar uma sala de aula, e até por seus pais e/ou (ir)responsáveis. Alunos, que somente não ocupam vagas em algum presídio, porque são protegidos pelo IBI – Instituto Brasileiro da Impunidade.

Pior, ainda: Quando os professores tentam lutar por seus direitos, são acuados pela farda estatal. Isso não está certo. Se o secretário Paulo Bauer insistir em alegar que desconhece tais fatos, deve ser aconselhado a desocupar a moita, de onde, a cada crise na Educação, estica o pescoço para cantar de galo, abandonando a trincheira do diálogo.

A greve estressa os mais de 30.000 professores, provoca insegurança nos pais dos alunos, que nunca sabem se os filhos estão em sala ou nas ruas, mas prejudica, principalmente, os próprios estudantes, até pela desordem mental que toda essa confusão provoca. Solução, no momento é uma brisa muitíssimo distante. Para afastar a tempestade que atinge a Rede Estadual de Educação, é preciso que o comando de greve e a direção da Secretaria de Educação busquem o diálogo.


COMENTÁRIO
Parabéns pela brilhante matéria!!!!
A voz da democracia não pode emudecer!!!!

Atenciosamente,
Edna Aparecida Goulart Pires

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