domingo, março 23, 2008

QUEM É O HOMEM DA BENGALA AZUL

Este homem é um advogado mal-sucedido, como dizem alguns? Ou uma sombra que vagueia pela escuridão dos becos da pobreza? Ajude, responda, comente.

Afinal, quem é o ¨Homen da bengala azul”? É um advogado, que virou mendigo? A curiosidade extremada, motivada por razões humanitárias, está cobrando uma resposta.

Já passa das 2 horas do domingo de Páscoa, 23 de março. Acabo de chegar da rua, a procura do “Homem da bengala azul”. E nada. Foi a terceira tentativa, desde o começo da noite de sábado – noite de trovoada, inclusive com um breve apagão. Quero saber se um advogado virou andarilho, mendigo, e anda sem rumo pelas ruas.

Resolvi procurá-lo, à noite, por acreditar que deve ser um ritual, para um mendigo, para um andarilho, para alguém que perdeu o rumo de casa, que em nenhum lugar é esperado, vagar pelas ruas, como uma sombra sem nome. À noite, ele certamente se sente um líder entre os excluídos, um senhor muito estimado pelos cães vadios, que caçam cadelas em cio.

À noite, uma outra vida surge, logo que o sol adormece atrás dos morros, tão cheio de dentes quanto um serrote enferrujado pelos anos. Insetos voam em círculos em redor de lâmpadas, e despencam tontos, e alimentam corujas.

Aqueles que dormiram durante o dia, surgem à noite, para suas aventuras, algumas indescritíveis. É à noite, que a maioria dos crimes é cometida. Toda uma agitação toma conta dos centros urbanos, bairros, subúrbios. Na busca inútil, passei por pontos de droga, muitos botecos que reúnem homens para beber e jogar; também encontrei muitas prostitutas pobres, meninas que se vendem por dez reais ou até por menos, para alimentar os vícios das drogas ilícitas.

Apesar da chuva, procurei o “Homem da bengala azul”. Quero saber quem ele é. Afinal, quem é o misterioso homem da foto? Por e-mail, por telefone, ou mesmo pessoalmente, colaboradores estão passando várias informações, ainda não confirmadas. Uns dizem que ele se chama Adilson, outros, que seu pré-nome é Maurício. Que é malcriado e agressivo com as pessoas, mesmo quando elas tentam ajudá-lo, com algum tipo de alimentação, para suprir suas mínimas necessidades de sobrevivência. O que pode ser compreendido, como uma reação de quem não nasceu para a subserviência da mendicância.

Esse homem, mesmo tombado pelo pesado fardo da embriagues, conserva um olhar, digamos, estranho, para não dizer altivo – se comporta com um rei das ruas, um andarilho que, por onde passa, é notado.

É justo, viver dessa forma, dispondo apenas de uma bengala improvisada, um boné e contando com uma garrafa de cachaça, ópio dos miseráveis. E onde se encaixa o discurso do "pai dos pobres"?

Mas, desde o momento em que foi fotografado, sumiu. Esse flagrante fotográfico foi realizado, na noite de quarta-feira, 19, quando ele “descansava”, recostado ao muro da 5ª. Cia do 4º. BPM, no bairro Coloninha / Vila São João, região continental de Florianópolis.

Com quem falo, quem envia e-email, quem telefona, todos já viram o “Homem da bengala azul”. Mas ninguém o conhece. Ele aparece e desaparece, dizem. E isso não acontece num passe de mágica. Estamos falando de um aparecer e de um desaparecer lentos. Afinal, ele não anda, se arrasta.

Vários são os informantes que asseguram que o “Homem da bengala azul” é um advogado, afastado da profissão. Que teria estudado Direito, já com a idade avançada, enquanto trabalhava de porteiro, em um edifício no Centro de Florianópolis. Que se formou, chegou a exercer a profissão, que abandonou, não se sabe por quê motivo. Outra versão, também não confirmada, aposta que ele é filho de um jogador de futebol muito bem sucedido.

Realidade, ou fantasia, verdade é que muitos mendigos, alcoólatras e andarilhos já tiveram vidas muitíssimo diferentes, das que ora enfrentam.

Há cerca de cinco anos, conheci um andarilho, no Posto Tijuquinhas, na BR-101 Norte, entre Biguaçu e Governador Celso Ramos, que demonstrava conhecimentos filosóficos surpreendentes. Anos antes, fora professor universitário, justamente na área da Filosofia.

Há bem mais tempo, encontrei um gráfico, de oficina de jornal diário, dormindo sobre um banco da Praça XV, em Florianópolis, coberto com jornais. Era uma noite fria, e ele chorou de vergonha, quando o chamei pelo nome. Trabalhamos, durante anos, na mesma empresa, eu, na redação, ele nas oficinas, imprimindo jornais, cujas folhas, por ironia, naquela noite, lhe serviam de cobertor. Depois de uma separação tumultuada, em que um juiz determinou sua saída de casa, perdeu também o emprego, pois, transtornado, tornara-se relapso e descuidado no trabalho.

Muitos são os relatos. E, se alguém conhece algum caso semelhante, escreva, que publicaremos nesse espaço.

A julgar pelas histórias que conheço, de homens bem sucedidos, que caíram em desgraça, as coisas acontecem mais ou menos assim:

Tudo pode começar com o álcool ou as drogas, ou as duas desgraças. O jogo, baralho, bingo, que de início parece tão inofensivo, também pode contribuir para o descarrilamento de uma vida. Tudo isso pode interferir no casamento, na família. Ou, a desgraça pode percorrer caminho inverso: Um rompimento com a família, pode deixar o indivíduo desatinado, levando-o a apelar para o álcool, drogas, vida noturna desregrada, jogatina, pode procurar a companhia de prostitutas em bordéis e botecos, mulheres que sabem muito bem como tirar as últimas moedas de um infeliz.

Sem pretender arrazoar um tratado de sociologia ou me enveredar pelos becos da psicologia, posso arriscar, ainda, afirmar que até um desajuste político-social com o meio, com a sociedade, pode conduzir um homem para uma situação delicada. Nunca ouviram a expressão “que homem esquisito!”, para qualificar alguém menos extrovertido, mais introspectivo, que não se adapta a padrões pré-determinados, conceitos e tantas outras normas impostas.

Estou tratando dos “homems”, como figura masculina, porque, invariavelmente, são eles que compõem os batalhões de mendigos e andarilhos. As mulheres, quando atingidas pela miséria extrema, recorrerem a outros meios, principalmente à prostituição.

Adilson ou Maurício, o homem da fotografia anda pelas ruas da região continental de Florianópolis, se apoiando em uma bengala azul, abastecendo o que resta dos músculos com álcool, como bem se pode ver na foto, que retrata uma garrafa de cachaça, ao seu lado.

Qualquer informação, por favor, escreva, sem demora, para babyespindola@yahoo.com.br. Esse tal de Adilson ou Maurício, é mesmo um advogado? E se você conhece outro caso parecido, de um homem, ou de uma mulher, ou de uma criança, em situação delicada, degradante, mande seu recado, denuncie. Se for da sua vontade, manteremos sua identidade no mais absoluto sigilo.

Existem autoridades constituídas para cuidar dessas pessoas, as ditas "otoridades", que são negligentes, que não cumprem suas funções. Vamos exigir que façam algo em benefício desses miseráveis, que vagam e vivem pelas ruas.

Manifeste sua opinião. Afinal, são centenas de milhares de pessoas nessa situação. Você pode se manifestar. Basta clicar na sessão "comentário", ou enviar e-mail. Abandone o deplorável batahão da omissão.

(Baby Espíndola)


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COMENTÁRIOS


O pai dos pobres está discursando Brasilzão afora, só pensando num terceiro mandato, preocupado com o poder, em não deixar que a oposição assuma o comando e investigue as contas estranhas, como essas do cartão corporativo. Nesse país, ninguém está preocupado com os pobres, como esse da foto.
Maria Clara, por e-mail.

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Se esse homem é mesmo um advogado, pelo esforço, pelos cinco ou mais anos de estudo, não pode continuar nas ruas. Tome a dianteira, Baby Espíndola, e investigue a fundo. Você é capaz disso, pelo que eu conheço do teu trabalho, você vai conseguir.
Ana Cláudia, por e-mail.

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É revoltante saber que uma pessoa vive dessa forma. Será que não tem família, um parente sequer. Seja ou não um advogado, é muito cruel. Ainda bem que você está de volta, nesse ramo do jornalismo investigativo, sr. Espíndola.
João Paulo, por e-mail.

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Mais importante do que procurar o homem da bengala, é acabar com a cachorrada de rua. Não dá de dormir. Quem mora em Capoeiras, Coloninha, Vila São João, Jardim Atlântico, nessa toda região, sofre muito de noite. Além da cachorrada de rua, cada casa parece que tem uma creche de cachorro. Que falta de respeito. Tem vizinho que vai viajar, vai curtir a praia e deixa a cachorrada no cercado, incomodando a gente.

Cleusa Souza, por e-mail

DA REDAÇÃO:

Colaboradora Cleusa Souza: São dois assuntos específicos, que merecem atenção diferente. Concordamos: os cachorros nas ruas e atrás dos muros, latindo e uivando, de fato, incomodam muito. O blog Baby Espíndola Repórter vai tratar desse assunto, muito em breve.

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Não acredito que esse homem seja um advogado. Se fosse, a OAB já tinha tomado uma atitude, pra tira ele da rua.

Elpídio Farias, por-email

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O alcoolismo é um problema sério. Acaba com uma família. E cada dia tem mais marca de cerveja na tv, com mulher peituda pra atrair os bobos.

“Mãe de um alcoólatra”, por e-mail

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Parabéns pela sensibilidade. Você faz a gente acordar, porque parece que ta todo mundo anestesiado. Temos que nos revoltar com essas coisas e cobra dos governos. Fabiano, por e-mail


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