sábado, abril 26, 2008

A ALOPRADA AVENTURA DO PADRE VOADOR: UMA BOMBA DE GÁS INFLAMÁVEL NO AR

Nesse editorial, pretendo me debruçar sobre um assunto relevante, que vem ocupando muito espaço na mídia. Além do escandaloso “Caso Isabella”, que monopoliza a atenção dos brasileiros, também ganha destaque, a aloprada aventura do padre voador, que se escafedeu nos céus.

Depois da pedofilia, no Brasil e no mundo, que o Vaticano insiste em proteger com o manto “sagrado” da impunidade, esse é o caso mais rumoroso: essa infeliz aventura, iniciada no domingo, 20 de abril, em Paranaguá, estado do Paraná, se destaca pela irresponsabilidade.

O padre Adelir de Carli, 41 anos, desaparecido há cerca de uma semana, amarrou-se a mil balões de festa e sumiu dentro de um nevoeiro. Tinha pressa em chegar ao céu, mas, provavelmente, caiu nas águas geladas e agitadas do Atlântico.

Consta que o padre rezou uma missa, apressadamente, recolheu o dinheiro das doações ao Senhor, e, imediatamente, passou para os preparativos da viagem. Que não foram muitos. Tratou de mandar encher mil balões de festa com gás hélio, todos muito coloridos, quando o bom senso recomendava que fossem usados apenas 500. Mas, como o padre queria bater um recorde, dobrou a quantidade.

Hélio, deriva do latim científico helium. Na definição do sábio Aurélio, de capa preta, trata-se do “elemento de número atômico 2, pertencente à família dos gases nobres, incolor, usado como componente de atmosferas inertes e enchimento de balões”.

Agora, o mais preocupante: o gás Hélio é definido pelo Dicionário Enciclopédico Ilustrado Veja Larousse como “corpo simples gasoso muito leve e inflamável”. O padre também deve ter lido tudo isso. Deveria saber em que se apoiava, em sua aventura perigosa. Ou seja, voando sem rumo, o padre era uma bomba de gás inflamável.

Quando questionado sobre o mau tempo, foi logo dizendo que, acima das nuvens, estaria bem. Abençoado, nas alturas, bem mais perto de Deus, acreditava.

Porém, estaria sim, acima das nuvens, sem nenhuma referência, voando por conta do vento. Por isso, planejou se esborrachar no solo do Mato Grosso, mas foi arrastado pelas correntes para o litoral de Santa Catarina.

Na mesma noite de domingo, o Corpo de Bombeiros recebeu um telefonema de um homem desesperado. Era o padre voador, perdido na escuridão, possivelmente a mais de 200 quilômetros do litoral, sem nenhuma referência terrestre para se guiar.

Apostam alguns, que o ar frio das alturas pode ter estourado os balões, primeiro um, depois outro, numa seqüência de sons que levaram o padre ao desespero.

Por isso, o telefonema, onde pedia ajuda de algum instrutor, para aprender a utilizar o GPS. Mas que os socorristas fossem hábeis e ligeiros, porque também a carga da bateria do celular estava terminando. Acredito que, quando o padre voador invocou a proteção divina – “Ai, meu Deus do céu” –, num rápido diálogo com o Corpo de Bombeiros, a cadeirinha, onde repousava o traseiro, já deveria estar tocando as ondas, que, naquela noite, no Atlântico Sul, chegavam a nove metros. Com possíveis tubarões cavalgando os vagalhões.

Mantenho o necessário respeito à dor dos familiares e amigos, mas, quero ressaltar que, se for encontrado com vida, o padre deve ser punido, por seu ato irresponsável. Ganhar as alturas amarrado a balões de festa, sem nenhum controle, é uma aventura que não se pode perdoar nem mesmo ao mais inconseqüente dos adolescentes.

A atitude do padre colocou em risco a própria vida e a de terceiros. Seu único controle de vôo, resumia-se a um estilete, para cortar as cordinhas dos balões, primeiro uma cor, depois outra, em caso de uma “aterrissagem” bem sucedida. Poderia bater num prédio, numa cidade, de onde despencaria como uma fruta podre. Talvez se chocasse contra uma rede de alta tensão, arrastando, em sua desgraça, cidades inteiras ao blecaute.

Se estivesse usando a tradicional batina preta, ao invés das calças de alumínio, o padre voador poderia ser confundido com um urubu. Na verdade, um aerobu.

Não se pode, descartar, ainda, a possibilidade que havia de provocar uma tragédia aérea, pois estava voando, com uma tralha enorme de mil balões, material inflamável, nas rotas de aviões e helicópteros, sem um plano de vôo e sem monitoramento dos controladores.

Insisto nesse ponto: Voando sem rumo, o padre era uma bomba de gás inflamável. Pois o Hélio é um “corpo simples gasoso muito leve e inflamável”. Inflamável, senhores que apoiaram o padre Adelir de Carli, nessa aventura infeliz!

Mais de 40 anos de vida, pelo menos uns quinze de sacerdócio, nível intelectual supostamente elevado, responsável pela formação de opinião coletiva, um líder comunitário. Com esses atributos, esperava-se bem mais do padre Adelir. Ele também deve ter lido muito a respeito do gás que utilizaria para voar. Deveria saber em que se apoiava, em sua aventura perigosa: um gás altamente inflamável.

Vale questionar, se no Paraná, de onde o padre partiu para o céu, não têm autoridades capazes de impedir insanidade dessa natureza. Os bombeiros da cidade, não foram avisados da proeza divina? O delegado não tomou conhecimento da loucura do pastor de ovelhas?

O padre voador causou apreensão nos familiares e na comunidade, em Paranaguá, onde prestava serviços religiosos. E, o que é mais grave: desviou a atenção de autoridades ligadas à segurança e socorro, que há cerca de uma semana nada mais fazem, além de procurar pelo padreco maluco, que se escafedeu nos céus.

O mais incrível, é que o aloprado voador não sabia usar o equipamento GPS e saiu da terra firme, no Paraná, só com uma bateria de celular, com pouca carga. Ressalto: viajaria para o Mato Grosso, mas os destroços dos balões foram localizados no Litoral Norte de Santa Catarina, em sentido contrário ao do “plano”.

Calcula-se que, até agora, a Marinha do Brasil, a Força Aérea Brasileira e a Polícia Militar de Santa Catarina, através do Grupo de Rádio-Patrulhamento Aéreo de Joinville, tenham gasto cerca de um milhão de reais, na busca ao padre voador. Voador, maluco e irresponsável.

Na mitologia grega, Hélio (o mesmo nome do gás, ao qual o padre se pendurou para voar sem rumo) é o “deus do Sol e da Luz”. Já o coitado do padre Adelir subiu às alturas, iluminado e colorido, num domingo festivo, mas desapareceu nas trevas, talvez enredando um fim trágico.

Insisto nesse ponto, por considerar essa aventura, da maior gravidade. Pendurado aos balões de Hélio, o padre voador era uma bomba inflamável.

Baby Espíndola

COMENTÁRIOS:

Martha Barbosa deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A ALOPRADA AVENTURA DO PADRE VOADOR: UMA BOMBA DE ...": È impressionante este caso do padre, Lendo seu comentário fiquei mais "por dentro" do assunto e confesso é de pensar, e tentar ao menos entender porque os humanos estão ficando cada vez mais malucos.Fiz uma postagem nova se tiveres um tempo apareça por lá, e espero que goste do Homem da máscara de ferro. Um abraço.

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