quarta-feira, maio 20, 2009

RÁDIO SAUDADE, MÚSICA E POESIA NA CAMBIRELA

Finalmente, o projeto Rádio Saudade vai sair das gavetas da tecnologia de ponta, para ganhar o mundo, através da Cambirela, virtual, mas real. Durante muito tempo, o projeto foi um casulo, hibernando num tubo de ensaio, se alimentando de amores e saudades, sonhos e ideais. A estréia acontecerá nesta quarta-feira, 20 de maio, a partir das 21 horas (horário de Brasília), na www.radiocambirela.com.br.

Rádio Saudade é, na verdade, muito mais que um programa de rádio. É um projeto, que visa resgatar o romantismo e o bom gosto que pautaram a radiofonia, na segunda metade do século 20.

Rádio Saudade deixará o estúdio (Centro Empresarial Pedra Branca, em Palhoça, Grande Florianópolis), para invadir espaços noturnos, em bares frequentados por uma clientela de bom gosto, restaurantes e clubes de serviço, dança e lazer, sedes de associações comunitárias, com transmissões ao vivo, o que permitirá muita interação e confraternização. “Precisamos preservar um mínimo de romantismo e sensibilidade, preceitos necessários para uma boa convivência”, costumo argumentar.

– Minha origem no rádio tem muito a ver com a poesia. Em 1974, meus poemas românticos desfilaram ao lado de textos de J. G. de Araújo Jorge, Vinicius de Morais, consagrados poetas líricos. Comecei no programa Tarde Espetacular, de Serpa Filho, na Rádio Guaruja, e logo depois fui convidado a fazer parte da equipe do Noturno 74, na mesma emissora, um programa apresentado por Oscar Berendt Neto, saudoso Oscar, que tinha uma das mais vibrantes e belas vozes da radiofonia brasileira.

Naqueles tempos, além de J. G. e Vinícius, faziam muito sucesso no rádio, com poemas, Coli Filho, Barros de Alencar, entre outros, que gravavam discos essencialmente de poesias, visando atingir um público, que começava a sentir saudade da radio novela, fase que foi sepultada pelos folhetins da TV Tupy – isso bem antes da Globo surgir, para dominar omercado.

E, no meio da turma famosa e madura, lá estava um garoto de uniforme azul, padrão do Instituto Estadual de Educação, sonhador e idealista, impondo seus textos, produzidos numa velha Olivetti, muitos deles premiados em concursos literários. Textos que, inicialmente, eram rabiscados entre roças de feijão, milho, mandioca; ou sob as sombras de chácaras de cafezais, laranjais e bananais, aos sons inesquecíveis dos cantantes sabiás amarelos.

“Lembro, também muito escrevi, à noite, sentado sobre uma velha ponte de madeira, no Rio Aririú/Pachecos, em Palhoça. Com as pernas penduradas rumo às águas então límpidas – por onde vagavam cardumes até de pequenas tainhas –, entre o piar de uma coruja sorrateira e uma risada na “Venda do Maneca”, essa bem próxima da ponte, iam surgindo os versos, que a Rádio Guarujá divulgava para o mundo, pelas ondas médias e curtas. Um privilégio de poucos. O adolescente, que passava os dias, lidando com ferramentas e animais, na “Fazenda do Altino”, cantava amores e falava de saudades, através das ondas do rádio. Detalhe: a velha ponte de madeira, sobreviveu até 2002, quando cedeu espaço para uma outra, de concreto.

– Trago comigo essa herança, esse aprendizado, que tive com grandes mestres. E, agora, pretendo relembrar tudo, recuperar caquinhos do passado, com o programa Rádio Saudade. Rádio Saudade terá, além da boa música – garanto: o melhor repertório –, muito de poesia, não apenas a poesia que rima sílabas. Falo da poesia cadenciada, que tem musicalidade, que trata de sentimentos, que invade a alma, que não pode sucumbir sob os pés medonhos de um submundo caótico, rude e grosseiro.

E, agora, muitos anos depois, utilizando tecnologias de ponta (notebook para escrever; a internet como canal de transmissão; blog para fazer marketing), o homem de cabelos já manchados pela neve do tempo, se prepara para difundir, mundo afora, uma idéia que nasceu e cresceu na adolescência.

– O sonho é ainda maior, embora muitas fatias dele tenham se perdido pelo caminho. O amor passou por um processo de realizações e desilusões, mas sobreviveu, embora tenha enfrentado um processo de metamorfose.

“Sonhador e idealista, ainda sou. Mas, hoje tempero tudo isso com pitadas de experiência. Podem ter certeza: o Rádio Saudade é um grande projeto. Vai unir corações e mentes, vai criar uma comunidade mundial de homens e mulheres idealistas, sonhadores, almas sedentas de um pouco de carinho e atenção. Amor e poesia no Rádio Saudade. Encontro vocês, à noite”.

(Baby Espíndola)

Um comentário:

Anônimo disse...

gostaria de saber se você tem alguma foto do radialista Coli filho