quinta-feira, outubro 01, 2009

Editorial – LOBO VESTIDO DE CORDEIRO PRETO

O senhor José Antonio Dias Toffoli conseguiu enrolar os senadores que, convenientemente, gostam de ser enrolados – até porque isso pode ser muito promissor, do ponto de vista financeiro.

De uma hora para outra, um lobo acusado de morder verbas públicas, se vestiu de cordeiro – cordeiro preto! –, e há suspeitas de que, no momento mais oportuno, a fera poderá até comer a vovozinha. Torço para que estupre alguns senadores da república do mensalão.

Todos os gestos e atitudes muito bem dissimuladas, deram bom resultado. Além de ser alçado, ainda “criança”, segundo critérios, ao mais alto posto da (in)Justiça, o protegido de Lula da Silva economizou nada menos que 420 mil reais, que deixará de devolver aos cofres públicos do estado do Amapá. Suponho que o senhor Toffoli foi submetido a algumas sessões de marketing, ministradas pela equipe palaciana, que produz a imagem do rei.

O resultado da votação, no emporcalhado Senado, nos revela uma leitura inegável: o rei, sentado sobre o cofre do ouro, é realmente muito poderoso. Seus súditos de cabresto, pulando sobre as fezes do plenário do Senado, concederam 58 votos ao até então advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, alçado ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Nove senadores – que poderão ser decapitados- votaram contra e três praticaram abstinência.

Lula da Silva está feliz. Para festejar, abriu uma garrafa de cachaça envelhecida. E tem motivos. Conseguiu driblar os critérios que definem o acesso ao Supremo. Deve estar pensando: se um analfabeto, mal intencionado, chegou ao poder máximo, porque exigir diplomas e currículo ético de um “cumpanheiro” de tantas batalhas.

Toffoli não tem mestrado, nem doutorado, é um advogado especialista em livrar políticos encrencados com a Justiça. Nunca foi um juiz, portanto, nenhum experiência tem, na hora de julgar. Pior, muito pior: é duplamente investigado pela Justiça do Amapá, onde estava condenado a devolver 420 mil reais aos cofres públicos. Decisão judicial que já foi suspensa. Muito conveniente.

Quanto à ausência de diplomas em seu currículo, o rei-padrinho acha isso o máximo. Pra quê estudar? – certamente anda repetindo, entre um trago e outro. A fragilidade intelectual de Toffoli, deveria ser um obstáculo as suas pretensões ao poder supremo da capa preta. Porém, o efeito é justamente o inverso. A ficha judicial e a deficiência jurídica, dentro do contexto do rei do Planalto, são requisitos mais que suficientes para que Toffoli exerça a função de ministro do Supremo. É um rapaz esperto, esse Toffoli! – matuta o rei. Aos 41anos, depois de tirar muitos petistas da cadeia, já conquistou uma condenação, por apropriação de dinheiro público. Rapaz muito esperto... Tem futuro, no país mais imoral do planeta.

Historicamente, é sabido, que o cargo de ministro do Supremo exige, entre outros requisitos, notório saber jurídico e reputação ilibada. Porém, como conseqüência dos atos e pensamentos de membros da corte, de repente, o currículo do senhor Toffoli é mais que suficiente. Se encaixa direitinho no novo perfil das figuras ilustres da Justiça. Lula poder ter razão. Todos se merecem.

Impressionante, o silêncio de senadores, que durante a semana vinham ladrando contra Toffoli. Quando ele se apresentou ao plenário do Senado, lobo fantasiado de cordeiro preto, alguns senadores ficaram mais mudos que passarinho que está mudando de pena. Apenas os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Pedro Simon (PMDB-RS) mantiveram as críticas. Os outros, se curvaram às respostas muito bem ensaiadas por Toffoli – que pregou humildade, isenção na hora de votar. Certamente, os senadores estavam imaginando as vantagens advindas de seus atos covardes e imorais.

O lobo vestido de cordeiro preto fez considerações eloqüentes. Segundo disse, o fato de ter sido advogado do PT, nas campanhas presidenciais de Lula da Silva, não é impedimento para que assuma a vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF). Falou até em página virada, como uma jovem que troca de namorado, e rasga a folha do diário de lamúrias.

Atentem para esse detalhe: Toffoli foi reprovado em concursos para juiz, o que pode ser visto como falta de notório saber jurídico – e é esse um dos critérios para a escolha de ministros do STF. Mas, o protegido de Lula declarou que sua opção foi a advocacia. O cargo de ministro – entendam, e não se zanguem – é tão-somente um presente do rei. Lula da Silva indicou um cumpridor de suas ordens, sem trajetória jurídica, que possa justificar sua indicação.
Assim... Já tínhamos um ministro acusado de ser “chefe” de capangas – quem fez a acusação foi o ministro Joaquim Barbosa, num frenético bate boca com o presidente Gilmar Mendes.
Agora, teremos um ministro incapaz de passar num concurso para a magistratura, sem mestrado ou doutorado, e, ainda, condenado a devolver dinheiro público. Toffoli responde a dois processos na Justiça do Amapá.

Mas, nada disso interessa aos senadores. Convenhamos, é interessante aprovar alguém com um currículo tão fragilizado. O abençoado fica devendo favores. Então, mais tarde, se um ou outro senador precisar de um votinho salvador no Supremo... Tudo pode acontecer.

Para encerrar... Por imposição de Lula da Silva e submissão de um Senado imoral, mais uma página no livro da imoralidade foi escrita. Com letras de ouro do baú do rei. Essa é a história do lobo vestido de cordeiro preto. É por isso que, no feudo da justiça brasileira, sempre recomendo: Chama o Zorro!

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